"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."
(TONUCCI, 2005).

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Pais e Filhos de Ivan Turguêniev - indicação de leitura

Sobre Pais e Filhos (de Ivan Turguêniev) - Um clássico da literatura russa
No início da década de 1860, dois eventos transformaram significativamente a sociedade russa: o fim da servidão e a fundação do movimento “Terra e Liberdade”, organização secreta que lutava contra as autoridades e instituições oficiais. A abordagem desse contexto fez com que Pais e filhos despertasse uma das maiores fendas da história da literatura russa. O termo “niilista” se popularizou e Ivan Turguêniev (1818-1883) foi acusado de ser responsável por atos criminosos cometidos por radicais influenciados por sua obra.
Na trama, o jovem Arkádi Nikolaitch, acompanhado de seu amigo e mentor Bazárov, volta à propriedade de sua família após formar-se na universidade. Bazárov é um personagem singular: despreza qualquer autoridade, é anti-social e se autoproclama um “niilista”.
Link para baixar o livro (domínio público): http://lelivros.website/book/baixar-livro-pais-e-filhos-ivan-turgueniev-em-pdf-epub-e-mobi-ou-ler-online/

domingo, 6 de dezembro de 2015

Pais que brincam dão mais limites aos filhos

Por Marcelo Ribeiro

Contrariando o senso comum, a brincadeira é uma coisa muito séria, pelo menos em termos de importância para o desenvolvimento infantil e para a relação entre pais e filhos. É relativamente convencionado que a brincadeira é uma distração pueril, um passa tempo divertido. Este modo de ver a brincadeira carrega marcas pejorativas à medida que desvaloriza a importância da brincadeira, mas também porque está associada a uma certa construção social de ser criança, de ser pueril, de ser algo infantil, como fossem aspectos inferiores do humano.

Vários estudiosos têm mostrado que a criança e a fase da infância não devem ser vistas como etapas inferiores do desenvolvimento e nem reduzidas à sua condição de simples preparação para a vida adulta. O sociólogo Willian Corsaro, por exemplo, em seu livro Sociologia da Infância, apresenta uma compreensão de que a infância tem uma importância per si. De modo semelhante, estudos clássicos, como os desenvolvidos por Henri Wallon, também demonstram a importância de valorizar a vivência das crianças, suas infâncias, como algo único e complexo no desenvolvimento humano.

É nesse sentido de valorizar a experiência infantil, sobretudo a brincadeira, como algo rico em possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. Outros autores clássicos que ainda inspiram profundamente estudos relacionados a questão do brincar são Vygotsky e Piaget. O primeiro, sustenta a ideia de que ao brincar as crianças ensaiam ações, condutas e pensamentos, consolidando aprendizagens e, consequentemente, desencadeando desenvolvimentos. O segundo, Piaget, contribui, sobretudo, nos estudos relativos ao desenvolvimento moral, que implica noções de regras e limites.

De modo geral, as brincadeiras podem ser de dois tipos: espontâneas, quando não há presença de adultos; e do tipo mediada, quando há presença de adultos e também portando alguma intenção educativa (há ainda a possibilidade da presença de adultos nas brincadeiras, mas sem intenções, pelo menos explícitas, educativas).

Ainda, a natureza da brincadeira demanda regras e limites, mesmo que seja uma “brincadeira inventada” e compartilhada apenas por crianças.

Ao longo dos nossos trabalhos, oriundos de pesquisas e projetos de extensão ou no serviço de orientação à pais, que mantemos na Centro de Práticas e Estudos de Psicologia - Ceppsi, da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, temos constatado que pais que brincam com seus filhos, possibilitam que estes melhor desenvolvam noções de limites. Certamente essa noção de limites é uma via de mão dupla, pois os pais também aprendem a melhor compreender seus filhos.

Indo ao encontro da vasta literatura que trata do assunto é possível correlacionar essa constatação (de que país que brincam com seus filhos têm relações mais afetuosos, respeitosos e, portanto, balizadas por limites) à medida que na brincadeira há necessária condição de estabelecimento de regras e limites. Afinal, brincadeira que não tem regras e limites não tem graça, não é verdade? Outra fundamentação tem a ver com os vínculos que são estabelecidos no momento do brincar, sobretudo quando envolvem pais e filhos. Afinal, o brincar é uma ação carregada de prazer e que cria laços.

O momento da brincadeira, portanto, é uma oportunidade singular para que o processo educativo ocorra de maneira natural, possibilitando, inclusive, uma melhor compreensão dos pais em relação aos seus filhos.

Brincar é coisa séria!


Obras sugeridas:
CORSARO, Willian. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo: Summus, 1994.
PIAGET, Jean. O Julgamento Moral na Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
WALLON, Henri. As Origens do Pensamento na Criança, Henri Wallon, São Paulo : Ed. Manole, 1989.
VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente, SP: Martins Fontes, 2002.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Matéria veiculada pela RTV Caatinga / Univasf sobre os projetos do NUPIE que envolvem a questão do Game e da Ludicidade





Em 1972, o mundo conhecia o Magnavox Odyssey, primeiro vídeo game comercializado, criado pelo alemão Ralph Baer. O modelo do Odyssey, de um aparelho ligado à TV e com controles, conquistou o público, principalmente crianças e adolescentes, que passam boa parte do tempo jogando. No Ciência no Semiárido de hoje, vamos mostrar o trabalho do Núcleo de Estudos de Infâncias e Educação Infantil da Univasf que investiga as relações entre as crianças e os games.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Participação de crianças em terreiros de candomblé

Video produzido pela RTV CAATINGA aborda a vivência de crianças no Candomblé.

Texto da chamada:

De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases, o ensino religioso nas escolas brasileiras deve seguir um regime de liberdade de crenças. Cabe ao professor contribuir para a formação do cidadão, ensinando a história de todas as religiões praticadas no Brasil. Mas na realidade, não é assim que acontece. Casos de intolerância religiosa são cada vez mais frequentes nas escolas.




Créditos:
Equipe RTV Caatinga
(87) 2101-6897
Youtube: RTV Caatinga Univasf
Site: rtvcaatinga.univasf.edu.br
Facebook: RTV Caatinga
Twitter: @RTVCaatinga
Instagram: rtvcaatinga
Google+: RTV Caatinga Univasf
univasf.edu.br/acessoainformacao/acoes_programas.php

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Um livro de brincadeiras diferentes pra você indicar aos pais

Matéria do Blog Desenvolvimento Infantil -

http://desenvolvimento-infantil.blog.br/um-livro-de-brincadeiras-diferentes-pra-voce-indicar-aos-pais/



No post “Pediatras estão prescrevendo um remédio incrível!”, falamos de uma campanha para envolver os médicos. Neste post, queremos mobilizar você para dar uma dica bacana aos pais das crianças com quem atua na Primeira Infância, tudo para que qualifiquem o tempo com seus filhos, brincando de um jeito criativo. Confira!
“Tempo junto”, de Patrícia Marinho, é o livro que reúne cem brincadeiras para os pais realizarem com seus filhos em qualquer lugar (no trânsito, no restaurante, na sala de espera do pediatra…). A ideia é favorecer a interação e fortalecimento de vínculos, ingredientes essenciais ao bom desenvolvimento da criança.
O tempo escasso, a vida corrida, os compromissos sociais e profissionais são “inimigos” de uma convivência mais intensa e sadia entre pais e filhos. Mas dá para driblar tudo isso com criatividade e bom humor.
As sugestões de atividades do livro são muitas. Algumas delas você pode adotar também na pré-escola onde atua. Quer um exemplo? Em uma folha de papel, ou no quadro-negro, desenhe um objeto para que os pequenos adivinhem de que filme ou história infantil ele é: sapatinho de cristal – Cinderela; maçã – Branca de Neve, e assim por diante.
Nossa sugestão é que, em uma próxima reunião ou atividade na escola, você conte aos pais a importância do brincar (ressaltando o brincar dos pais com seus filhos) e indique várias opções para que possam qualificar o tempo com os pequenos, sendo o livro uma delas.
“Tempo junto” é uma publicação da Editora Matrix. Talvez você já conheça, mas há um site com o mesmo nome, que também é da Patrícia, que traz muitas dicas interessantes de brincadeiras para qualquer tempo ou lugar. Confira aqui : http://www.tempojunto.com

sábado, 17 de outubro de 2015

Conta da Educação Infantil


Por Marcelo Ribeiro

Recentemente dia das crianças e hoje dia do professor. Mesmo não sendo afeito a encher de mensagens e fotos os dias comemorativos (porque poluídos de tantas mensagens, postagens etc. me fazem perder o sentido de tecer alguma homenagem), não pude deixar de efetuar a seguinte matemática: dia das crianças + dia do professor + educação infantil / professor da educação infantil. Então essa espontânea matemática me trouxe de volta um sentido, um vigor, para registrar algumas palavras sobre o referido resultado.

Como de costume, mesmo sendo uma homenagem, não me esquivo de um toque crítico.

Então, eis aqui minha conta.

Se a educação, ou melhor, os profissionais que nela trabalham, especificamente os docentes, são aqueles que vivem a contradição social de ser representado positivamente (quem vai negar a importância do professor?), mas de ser maltratado em sua condição de trabalho (baixas remunerações, difíceis condições no exercício da profissão, etc.), os professores da educação infantil vão ocupar o mais baixo estrado da “pirâmide da educação”. No topo, estariam os professores universitários, que tentam se segurar no que podem para não despencarem ladeira abaixo. Em seguida, os professores do ensino médio e fundamental, que labutam na penúria da docência. E os mais miseráveis, aqueles que mal são reconhecidos como professores, os que têm os salários mais baixos e os que apresentam os menores índices de formação (vide dados do próprio Ministério da Educação – MEC/ Brasil).

Aliás, não só os docentes da educação infantil ocupam os mais baixos estratos do mundo do trabalho, mas quase todos os profissionais que se dedicam a infância vão também estar em níveis inferiores se comprados aos outros. Por exemplo: os pediatras se comparados aos cirurgiões, os psicólogos infantis se comparados aos psicólogos de adultos e por vai.

Certamente essa “gravidade” que puxam os profissionais que se dedicam a infância tem gênese histórica e que se atualiza nos dias de hoje. Afinal a infância, mesmo com todos reconhecimentos conquistados ainda parece ocupar um lugar inferior e simultaneamente a criança e todos aqueles que dela se aproximam.

É lamentável esse quadro , sobretudo na educação infantil, pois nesse nível é onde se pode trabalhar as bases da educação do sujeito, toda a formação dos valores e, sobretudo uma base para formação cientifica. Os professores da educação infantil tem um papel fundamental na formação das crianças e, portanto, recaem sobre eles uma exigência singular de trabalhar os aspectos do cuidar e do educar, na ludicidade natural das crianças,  introduzindo-as na mais alta cultura humana e nos processos mais caros de socialização.

Dessa conta (dia das crianças + dia do professor + educação infantil / professor de educação infantil) se contabiliza avanços na realidade brasileira, mas também subtrações que ainda persistem.


Este texto foi publicado no Boletim Para Pensar a Educação (em 16/10/2015):
http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!marcelo-ribeiro-16out/vkgpi

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Projeto Grupo de Pais da Univasf oferece orientação psicológica gratuita para pais e cuidadores de crianças

São muitos os desafios que envolvem a educação de uma criança e nem sempre os pais sabem como lidar com a complexidade das questões que surgem ao longo do processo de criação dos filhos. O projeto de extensão Grupo de Pais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), oferece orientação a pais e cuidadores sobre desenvolvimento infantil, com o objetivo de proporcionar qualidade de vida aos menores. O Grupo de Pais tem como público-alvo todos aqueles que exercem papel de cuidador de uma criança, é gratuito e está com inscrições abertas.

O projeto é desenvolvido no Centro de Estudos e Práticas em Psicologia (Ceppsi), localizado no Campus Sede, em Petrolina (PE), sob a coordenação do professor do Colegiado de Psicologia da Univasf, Marcelo Ribeiro. A equipe é formada por cinco estagiários do curso e pela psicóloga Melina Pereira. O Grupo de Pais oferece serviços de ajuda individual e em grupo. “Esse serviço é voltado para os cuidadores no sentido de orientá-los e ajudá-los no desenvolvimento da infância, da criança, das relações pais e filhos nos processos educativos”, destaca Ribeiro.

Cerca de 50 pais já participaram do projeto. Para participar, o interessado deve entrar em contato com o Ceppsi, presencialmente ou pelos telefones (87) 2101-6873 ou 2101-6871, em horário comercial. Será preenchida uma ficha e posteriormente marcada uma entrevista.

O processo de seleção é composto por entrevista e triagem, a fim de verificar o tipo de serviço que cada cuidador necessita. Os encontros variam de quatro a seis e, a depender da situação, podem se prolongar por mais tempo. Os atendimentos não possuem dia e horário específicos, pois acontecem de acordo com a disponibilidade dos cuidadores e da equipe.

Segundo o professor, as queixas mais frequentes dos cuidadores referem-se à imposição de limites e à alienação parental. “Avaliamos esse serviço como necessário, não que seja para dizer como deve ser um pai. A gente se disponibiliza e orienta, mas é muito mais um espaço de troca de experiências”, conta. 

O Grupo de Pais surgiu a partir do Núcleo de Estudos e Práticas sobre Infâncias e Educação Infantil (Nupie), que existe há dois anos e também é coordenado por Ribeiro, com apoio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex) da Univasf.




By 
Brena Souza

Foto: Arquivo do projeto

Por: Assessoria de Comunicação

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Infância e Pós-Modernidade - II

A criança nos diversos modelos de sociedade e, ao logo da história, ocupa um lugar, mesmo quando este é de invisibilidade social. O mundo moderno e o pós-moderno atribuem novos olhares e compreensões sobre a criança. Na Antiguidade, a criança era percebida como um adulto em miniatura, que tinha deveres e obrigações a cumprir. A partir do século XIX e, portanto, na modernidade, ela passa a ser percebida como um ser humano que necessita de cuidado, atenção e o adulto seria o responsável em prover tais necessidades. Emerge, também, o conceito de infância (tal como conhecido hoje) e as diversas perspectivas sociológicas sobre este período singular de desenvolvimento.
No mundo pós-moderno a representação da infância vai tomando novas configurações. Podemos pensar, por exemplo, na tecnologia como desencadeador de novas formas de se perceber a infância e de possibilitar que a criança possa interagir com os pares (iguais), com os adultos e com o mundo. Desde a Antiguidade existe o fenômeno da criança negligenciada e abandonada, em uma cultura que não compreendia a singularidade da infância como um processo do desenvolvimento humano, fundamental na construção de uma identidade e na maneira do sujeito se relacionar com o mundo.

Entendendo a infância, também, como um fenômeno social penso nos diversos sentidos que podem ser atribuídos a esta, considerando ainda o mundo globalizado e tecnológico em que vivemos. Na multiplicidade de olhares sobre a criança no mundo pós-moderno, qual o lugar do cuidado? Em uma sociedade, em que, por vezes, a lógica do “ter” se sobrepõe ao “ser”, possibilitar a criança o livre acesso a bens de consumo é garantir que ela seja cuidada e que se sinta cuidada? Estaríamos produzindo novas formas de abandono a partir do momento que utilizamos a tecnologia como uma maneira de “silenciar” a criança? Compreendemos a criança como um ser em desenvolvimento e compreendemos o nosso papel, enquanto adultos, no cuidado e na experiência da infância? De fato, qual o lugar da criança na sociedade atual? São algumas das minhas inquietações ao pensar no mundo pós-moderno e no lugar que estamos atribuindo a criança, principalmente se considerarmos que podem emergir novas formas de violência e abandono.

Mestranda de Psicologia - Univasf
Nayara Louíse C. Trocoli