Este texto foi fruto de um atividade da disciplina Processos Psicossociais, onde a autora relaciona as discussões em torna da modernidade/pós modernidade e o tema de sua pesquisa (Representações Sociais que crianças e profissionais da Instituição CAPSi, na cidade Petrolina-Pe)
Autora: Mariana Gonzaga (mestranda de Psicologia - Univasf)
A
partir das discussões em sala de aula sobre as características da Modernidade e
Pós-Modernidade, avaliação sobre a origem da discussão, seu desenvolvimento e
reflexos na atualidade, foi possível associar ao tema da pesquisa no que se
refere a discussão sobre a impossibilidade de cisão entre natureza e cultura. A
discussão proposta por Crochick (2011), sobre a perspectiva de Adorno, que
converge a discussão já levantada por Freud, em o Mal-estar na Civilização, sobre
tal impossibilidade, até hoje instiga discussões. A pesquisa em questão,
refere-se a uma investigação sobre as Representações Sociais que crianças e
profissionais da Instituição CAPSi, na cidade Petrolina-Pe, tem acerca da
ludicidade e sua influência para essas crianças. Nesse sentido, se formos
pensar no brincar, para além da questão de direitos garantidos à infância, e o
entendermos como algo imanente ao humano e seu desenvolvimento, é possível
perceber que práticas terapêuticas ou educativas que fazem uso de instrumentos
lúdicos podem ser utilizadas de maneira questionável, quase como uma “instrumentalização”
/” tecnologização” dessa natureza lúdica. Vygotsky (1984), atenta para a necessidade
infantil do brincar para o desenvolvimento, no entanto, em momento algum da sua
teoria, o limita a um determinante do “sucesso” em habilidades escolares. O
brincar nessa perspectiva, constitui, portanto, uma necessidade infantil, e
para tanto, algo da natureza humana. Não se limita a uma “tecnologia” do
brincar, ou mesmo a uma cultura desse brincar enquanto fim específico de
aprendizagem ou prática terapêutica. O
brincar, em sua essência, não obedece regras e não segue manual de instruções.
Assim,
ficam os pontos para essa discussão; Em uma sociedade pós-moderna, que segundo
Bauman (2003), a liquidez e o imediatismo conduzem a fragmentação dos
indivíduos, as crianças deve desenvolver habilidades específicas para atender e
retroalimentar as necessidades de um sistema capitalista que preza pela técnica?
Essa “técnica do brincar e do aprender” não constituiriam uma tentativa de
cisão entre natureza e cultura? Até onde seria isso possível? A busca
imediatista por formar crianças que recebam “base” escolar para desenvolver-se
e crescer em meio a competição dos vestibulares, seria um exemplo dessa
prática?
E
ainda, por outro lado, surge o contraponto dessa discussão; Como não considerar
as barreiras que o não cumprir dessa “nova ordem” impõem? Como não compreender
a necessidade de pais pós-modernos, que se preocupam com a “exclusão” de seu filho
em uma sociedade que preza por essas características, e marginaliza os que não
se adequam?
Referências:
BAUMAN,
Z.(2003). Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro:
Zahar, 2003.
CROCHIK, J. L.(2011). Teoria
crítica da sociedade e psicologia: alguns ensaios. São Paulo: Junqueira&Marin
Editores.
VYGOTSKY. L. (1984). A Formação Social da Mente. São
Paulo: Martins Fontes.
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