"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."
(TONUCCI, 2005).

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Roda de conversa "Ansiedade e depressão nos filhos: possibilidades de ações para pais e cuidadores

O Núcleo de Estudos e Pesquisa sobre Infâncias e Educação Infantil (NUPIE) promoveu na última quinta-feira (12/09/2019) a roda de conversa "Ansiedade e depressão nos filhos: possibilidades de ações para pais e cuidadores". O evento foi conduzido por profissionais da área da psicologia e educação: Corina Borri-Anadon, Emily Silva, Marcelo Ribeiro, Melina Pereira e Taciana Albuquerque.









Agradecemos a presença e participação de todos nesse momento de troca de conhecimento e de experiências! Fiquem atentos à divulgação dos próximos eventos

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Professora da Université du Québec à Trois-Rivières realiza atividades no Vale do São Francisco



Educação, inclusão e multiculturalismo. Estes são alguns dos eixos de pesquisa estudados pela professora Corina Borri-Anadon, Université du Québec à Trois-Rivières (UQTR), do Canadá, que está no Vale do São Francisco através de um acordo de cooperação técnica entre a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e sua instituição de origem. Durante 11 dias, a docente realizará diversas ações na região, como palestras, visitas a escolas, lançamento de livro e participações em aulas de cursos de pós-graduação.
A professora está em licença sabática e durante esse período tem como plano de trabalho o desenvolvimento de atividades em parceria com algumas universidades brasileiras, dentre elas, a Univasf, que possui convênio com a UQTR desde 2018. Corina iniciou seu calendário de ações no Vale do São Francisco na última segunda-feira (9) e permanecerá na região até o dia 20 de setembro, quando participará do Colóquio “Multiculturalismo no campo educacional”, na Universidade de Pernambuco (UPE), em Petrolina (PE).
Dentre as atividades realizadas pela docente durante sua estadia na região, estão: visitas a setores da Univasf e ao Colégio Guiomar Barreto, em Juazeiro (BA); participação em aulas do mestrado em Psicologia da Univasf e do mestrado Profissional em Formação Docente da UPE; presença na roda de conversa “Ansiedade e depressão nos filhos: possibilidades de ações para pais e cuidadores”, na Univasf, entre outros trabalhos.
O estudo de Corina é voltado ao campo da adaptação escolar e relações étnicas, levando em conta aspectos de diversidade étnico-cultural e linguística na escola, além de inclusão na educação e práticas profissionais em contextos de diversidade. Mestre em Patologia Fonoaudiológica e doutora em Educação, Corina é associada ao Departamento de Educação da UQTR e está no Brasil com o intuito de ampliar perspectivas teóricas e metodológicas, além de proporcionar troca de experiências e compartilhamento de desafios comuns entre os países. “O principal objetivo é desenvolver e fortalecer parcerias e continuar nesse caminho para pensar educação inclusiva em vários contextos”, afirma a canadense.
Assinado há um ano, o acordo de cooperação entre a UQTR e a Univasf visa proporcionar o desenvolvimento de pesquisas em diversas áreas do conhecimento e teve, inicialmente, um projeto para o campo da Psicologia Aplicada, coordenado na Univasf pelo professor do Colegiado de Psicologia e coordenador do Núcleo de Estudos e Práticas sobre Infâncias e Educação Infantil (Nupie), Marcelo Ribeiro. Agora, as duas universidades estão trabalhando em conjunto no desenvolvimento de uma pesquisa qualitativa sobre Ludicidade e Relações Parentais.

Publicado no Portal de Notícias da Univasf:

http://portais.univasf.edu.br/noticias/professora-da-universite-du-quebec-a-trois-rivieres-realiza-atividades-no-vale-do-sao-francisco

sexta-feira, 23 de agosto de 2019

Ação Agora Sou eu, Escuta de Crianças no Sertão de Pernambuco


ção realizada no Programa "Criança Com Todos os Seus Direitos" para dar voz e vez às crianças de municípios do Estado de Pernambuco. Crianças indígenas, quilombolas e urbanas participaram dessa importante momento de escuta.

segunda-feira, 19 de agosto de 2019

Infância e a promessa de um novo começo

Marcelo Silva de Souza Ribeiro


Sonha e serás livre de espírito... 
luta e serás livre na vida
Che Guevara


Uma das valiosas invenções da modernidade foi a infância e sua promessa de recomeço para humanidade. Nos vários sentidos na ideia-força da infância havia o entendimento de que a humanidade poderia ter a esperança de novos refazeres, de novos inícios com a chegada dos recém-nascidos e sua introdução a humanização via os processos educativos. Uma humanidade, portanto, aberta e sempre disposta a tentar algo novo foi a aposta da modernidade. Mesmo que tenhamos críticas as heranças da modernidade não dá para negar que alguns dos legados são ainda profícuos.

E é justamente sobre esse sentido do novo, do esperançoso e de revigorantes promessas contidas na ideia da infância que gostaria de abordar. Penso que precisamos também, além de mantermos eretos nas críticas, semearmos a esperança e plantarmos a perspectiva de um recomeço vigoroso. Nesses tempos sombrios e destituídos de esperanças, a infância, e com a ela a própria imagem da criança, é significativo para continuarmos resistindo a onda totalitarista e fascista que assalta o mundo, sem falar do colapso ambiental já em curso e a assombrada desigualdade social que vem condenado milhões de pessoas a viverem a triste sina das migrações em massa, da fome, das guerras descabidas e de uma vida sem vida.

No nosso caso, aqui no Brasil, os efeitos já estão visíveis, embora alguns insistam em não querer ver. A “terra brasilis” arrasada já é uma realidade e tende a se agravar a medida que efeitos vierem como marolas retardatárias em crescente força até se tornarem verdadeiros tsunamis. Teremos que ser mais fortes ainda para lidar com um presente nefasto, mas não sem cultivar um futuro melhor. E este (o futuro) há de vir com a aposta na infância que é encarnado nas crianças. 

Imaginemos que em 5 ou 10 anos aquela ou aquele que hoje tem 11 ou 6 anos poderá votar, por exemplo. Serão novos cidadãos que estarão conhecendo um outro Brasil, muito pior certamente. Então que estes novos brasileiros possam fazer o diferente, talvez o que não tenhamos feito. Apostar nesses seres é apostar no sentido da vida para a gente mesmo. E a aposta se faz antes na nossa capacidade de acreditar que esses seres serão melhores e mais capazes. Seria um misto de sonhar e agir aqui e agora para um vir a ser como semear no asfalto a espera de uma flor brotar e fazer outra paisagem.

Publicado originalmente:

https://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/infancia-e-a-promessa-de-um-novo-comeco/?fbclid=IwAR1My-SMoS1hv8wpW_do2E8fSB9hXzIBh8-oOUXmTj-5TzFqjbH8JlkPD6Y

quarta-feira, 17 de julho de 2019

Livro: Lugares sociais das Infâncias

Trata-se uma coletânea de artigos produzidos no âmbito do Laboratório de História das Infâncias do Nordeste (Lahin). Trata das diversas identidades infant0-adolescentes de Pernambuco no confronto com suas realidades e também abordando a questão dos direitos humanos. Uma boa leitura!

Acesse aqui:

Livro: Lugares sociais das infâncias

quarta-feira, 6 de março de 2019

O menino e o mundo



Um filme lindo! Um desenho animado ... um longa. Fala da relação do filho com o pai.. dos vínculos, da família... aborda também as memórias que nos acompanham... mas também uma baita denúncia ao sistema que explora o humano e destrói a natureza.. tudo com muita beleza e poesia.. a poesia vence !


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

Brincadeira de rua


Por acaso, eu estacionei o carro naquela rua. Era uma rua típica de um bairro residencial de Petrolina (PE). Uma dessas ruas onde os vizinhos sentam nas calçadas ao final do dia e ficam até, muitas vezes, tarde da noite a conversar. 

Eu fiquei dentro do carro enquanto esperava meu filho pegar uns exercícios de matemática quando apareceram duas crianças, por volta dos seus 10 a 12 anos. Uma delas estava com uma bola. A dupla passou de um lado ao outro da rua. Eles estavam conversando animadamente, inclusive um dos meninos cantava umas musiquinhas de sacanagem. Eles estavam soltos e vivendo suas traquinagens livremente. Certamente esse “livremente” não significava algo de negligente do ponto de vista de suas integridades, já que estavam na rua onde moravam e sob a proximidade dos seus. 

Aqueles garotos começaram a chamar minha atenção cada vez mais justamente porque me fisgaram em minhas próprias memórias. Eu também fiquei lembrando das minhas brincadeiras na rua, da minha infância e o quanto vivia a liberdade (sempre relativa) de brincar, explorando os espaços e com a presença dos amigos. Sim! Porque criança tem amigos! 

Mas voltando aos garotos daquela rua, logo surgiram outras duas crianças. Um menino e uma menina, esta era a menor da turma. Parecia ser a irmã de um deles. Estavam propondo começar um jogo de bola (futebol adaptado à rua com chinelos marcando a trave), mas não de um modo que os adultos de hoje costumam organizar suas atividades, ou seja, de maneira objetiva, cronometrada e apressada. Eles davam risadas, contavam histórias, tiravam onda um da cara do outro e não pareciam interessados em jogar bola, embora estivessem ali para isso. 

Certamente, se estivessem em um contexto escolar, numa equipe para dar conta de alguma atividade de cunho pedagógico, seriam repreendidos pela dispersão e falta de respeito. 

A brincadeira para eles, o jogar bola, não me pareceu ser um pretexto para estarem juntos. Era uma ideia que os faziam estar ali, mas não menos importante que toda a algazarra e folia que antecedia o jogar bola propriamente dito. Era também como se toda aquela brincadeira fizesse parte do jogar bola. Então o jogar bola era muito mais que o jogo se si. A brincadeira, o prazer de estarem juntos, de se divertirem, associado ao jogar bola, pareciam fazer parte da alegria de brincar na rua com os amigos e, possivelmente, isso também iria marcar suas respectivas histórias e memórias. 

Mas não só a experiência de brincar na rua tende a marcar suas histórias e memórias, mas pode contribuir para o desenvolvimento global, sobretudo no que diz respeito aos aspectos físicos e relacionais. Nesse tipo de brincadeira (livre), as crianças experimentam, sem a vigilância, muitas vezes super-protetora dos pais, estabelecer relações, por si mesmas, entre seus pares. Há uma liberdade maior em experimentar e explorar a cultura infantil, reinventando brincadeiras, vivendo seus limites e dos outros, de um modo muito particular. 

Contudo, o brincar na rua, como um dos tipos da brincadeira livre, tem se tornado cada vez mais escasso na vivência das crianças. É claro que há boas razões para isso e muitas delas, as plausíveis, convergem para a questão da violência, sobretudo, a violência do trânsito e as violências relativas aos crimes de roubo, furto e outros de ordem sexual. 

E aí, em nome da segurança a liberdade é restringida. A rua tem se tornando um lugar perigoso e, portanto, impróprio para as crianças. É claro que a extinção da rua como espaço de brincadeira (e desenvolvimento) não advém apenas da violência, pois há outros aspectos, como a questão do mundo cada vez mais individualizado. 

Bem, aquela cena das crianças brincando na rua me fizeram reviver (e reconhecer) boas coisas da minha própria história e alargar mais ainda o quanto, espaços como esses, têm diminuindo nas vivências das crianças de hoje em dia. Sem cair em romantismos (que antigamente era melhor), entendo como importante reconhecer que as crianças têm direito a rua, uma rua segura para brincar, bater papo, jogar bola, correr... 



 Marcelo S. de S. Ribeiro

 * Pai. Psicólogo. Doutor em educação. Professor do Colegiado de Psicologia da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf)

terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Artigo sobre práticas parentais





Artigo de Emily Ribeiro e  Melina Pereira, integrantes do NUPIE, é publicado na Revista Psicologia e Pesquisa.


RESUMO:
Este estudo considera a criança como ser social e produtor de cultura. Apesar do adultocentrismo ainda existente, mudanças recentes nas relações intrafamiliares contribuíram para a crescente participação da criança nos processos decisórios da família. Assim, investigou-se como as crianças
entendiam, avaliavam e lidavam com as práticas educativas, e suas estratégias de negociação. Dezesseis crianças, de 7 a 10 anos, participaram desta pesquisa qualitativa, que contou com entrevistas individuais semiestruturadas, grupos focais e posterior análise de conteúdo. A maioria afirmou já ter feito escolhas no contexto familiar e se sentiram satisfeitos com isso. Picos de autoritarismo, permissividade e inconsistências entre as figuras parentais foram percebidos pelos infantes. Dessa forma, o estudo fornece subsídios para avançar na qualidade das relações parentais

Lei o artigo na íntegra:


A criança em foco - convers... by on Scribd