"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."
(TONUCCI, 2005).

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Paternidade é direito da criança e empoderamento da mulher

Por Thiago Santos

Na nossa sociedade, a relação entre paternidade e maternidade é estabelecida de modo extremado, pois de um lado há o frágil direito (paternidade) e do outro a obrigatoriedade (maternidade).  Um exemplo do frágil direito é a licença paterna, que em algumas instituições há liberação de apenas 5 (cinco) dias. Do lado da obrigatoriedade, as mulheres tem, em alguns casos até 6 (seis) meses. Este exemplo mostra que os homens, pelo menos na perspectiva legal, não são responsáveis pela criação de seus filhos. O que de fato temos alcançado com isso? Será que os homens não são tão engajados na relação com seus filhos quanto às mulheres?

É claro que esse fenômeno é mais complexo do que imaginamos, mas a construção da sociedade é ainda alicerçada em um modelo patriarcal que legitima a exploração do corpo feminino e impede os homens de lidarem de maneira aberta com seus sentimentos e afetuosa com seus filhos. Vejamos os desenhos infantis antigos, quanto era a presença masculina em comparação a presença feminina? E nas escolas de educação infantil. Quais espaços são ocupados pelos homens? Não seria também função dos homens acompanhar e participar de perto da educação dos filhos? Essas questões inquietam e, mesmo sem respostas, alguns avanços precisam ser apresentados.

Diversos pesquisadores têm mostrado o aumento da participação masculina na criação dos filhos e esse direito tem sido alcançado com muitas lutas e dificuldades. Mas, há ainda muito que conquistar, diversos retrocessos precisam ser vencidos, como os olhares conservadores do estatuto da família que cercam direitos anteriormente alcançados. Além disso, é necessário ampliar e construir os espaços para discussão da paternidade como forma de chamar os homens a essa responsabilidade.

Portanto, a participação masculina na vida dos filhos é um direito e um dos primeiros passos para a transformação de uma sociedade mais justa e igualitária. 

Outros textos:
http://primeirainfancia.org.br/wp-content/uploads/2015/12/RNPI-CECIP_seminario-nacional-2015.pdf

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