"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."
(TONUCCI, 2005).

domingo, 18 de dezembro de 2016

O Brasil como educador: contextos de desenvolvimento para crianças



É consenso que a educação tem uma abrangência e repercussão maior do que a escolarização. De modo semelhante, o sentido de educação infantil é maior do que o de escola para crianças. Ao delinear o amplo raio de ação da educação infantil, quero incluir também as relações da sociedade, da família e do estado para com as crianças no seus processos educativos e contextos de desenvolvimento.

Essas relações, portanto, tem também um alto nível de complexidade, além da abrangência. Valendo-se, pelo menos sumariamente, da teoria ecológica do desenvolvimento humano, criada por Bronfenbrenner, é possível compreender os processos educativos vividos pelas crianças, ao longo de suas vidas, a partir das interações das dimensões micro-sistémica (relações face a face que afetam as crianças), meso-sistémica (conjunto de relações face a face que afetam as crianças), exo-sistémica (ações dos ambientes que afetam indiretamente) e macro-sistêmica (valores, políticas, etc. que impactam a vida das crianças).

Se tomarmos os recentes acontecimentos vividos no Brasil, sobretudo os que dizem respeito a política e as tensões sociais, destacando os escândalos da corrupção, o impeachment da presidenta Dilma, a PEC 241/55, a reforma da previdência, a tensão entre os poderes legislativo e judiciário, além da ascensão da intolerância social e de posições ultraconservadoras, quais são os possíveis impactos em termos de processos educativos e contextos de desenvolvimento vividos pelas crianças?

Certamente esta é uma questão que exigiria uma longa e contínua atividade de pesquisa. Entretanto, é tangível elencar cadeias de variáveis que possibilitem, ao menos, reflexões iniciais. Dentre elas, destaco:

Os valores que as crianças interatuam em seus contextos de desenvolvimento são deveras contaminados pela impunidade, pela corrupção e descrença a dimensão política e pública. Os exemplos assimilados e as possíveis internalizações nos diversos meios que as crianças interatuam estão prenhes de mensagens dessa natureza;

O modo como se deu o impeachment da presidenta Dilma, cercado de incoerências e contradições, abala o símbolo maior da autoridade de um estado democrático, via representação política. Todo um edifício social de relações de autoridade sofre, com isso, impacto, inclusive as vividas pelas crianças, sobretudo nas importantes relações de poder intrínsecas ao desenvolvimento;

A PEC 241/55, que adota uma equação que não vai acompanhar os processos demográficos da população brasileira, coloca em cheque as duas pontas mais vulneráveis: as crianças e os idosos (das populações mais pobres). Isto significa que as crianças terão menos do que tem hoje (escola, saúde, alimentação, etc.). Além da vivência concreta que as crianças estarão sujeitas, há uma mensagem que a sociedade e o estado estarão passando: a mensagem da exclusão!

A tensão dos poderes legislativo e judiciário aprofunda a insegurança institucional e abre as comportas para um rio de desrespeito e instabilidade social. Novamente, os desdobramentos sistêmicos atingem, direta e indiretamente, o contexto de desenvolvimento das crianças.

A ascensão da intolerância social e de posições ultraconservadoras não só passam mensagens diretas às crianças em termos de valores e perspectivas de vida, como também molda toda a trama das relações sociais, contagiando famílias e escolas, como é o caso, por exemplo, dos desdobramentos da chamada “escola sem partido”.

O legado que estamos forjando, em termos de contextos de desenvolvimento para as crianças não é nada alentador. As perspectivas são mais deficitárias porque haverá menos direitos garantidos e intersubjetividades mediadas pela negligência e autoritarismo. Relembrando o próprio Bronfenbrenner e William Corsaro, ainda bem que as crianças não só reproduzem, elas também interpretam a realidade. Que as nossas crianças possam interpretar um Brasil melhor do que o que estamos deixando para elas.

Publicado, originalmente
http://www.pensaraeducacaoempauta.com/o-brasil-como-educador

BRONFENBRENNER, U. A Ecologia do Desenvolvimento Humano: Experimentos Naturais e Planejados. Porto Alegre, Artes Médicas, 1996.

CORSARO, W. A. Sociologia da infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.  

Marcelo Silva de Souza Ribeiro - Universidade Federal do Vale do São Francisco

sábado, 5 de novembro de 2016

MOVIMENTOS DE OUTUBRO - Nova oficina lúdica de contração de histórias e ações sobre orientações para pais

Foi realizada no dia 29 de outubro uma nova oficina lúdica de contação de histórias. Desta vez o foco foi trabalhar histórias contextualizadas a parte de elementos regionais. O convidado foi Antônia Ivo, arte educador do IRPAA.




Já na IX Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão - SCIENTEX / Univasf, os estagiários de psicologia que desenvolvem atividades voltadas para as relações entre pais e filhos, desenvolveram oficinas que abordaram as relações parentais.






Essas ações constituem alguns dos movimentos de outubro vividos pelos integrantes do NUPIE.

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Oficina "Relações Pais e Filhos" no Scientex

Nesta versão do Scientex (semana de integração Ensino, Pesquisa e Extensão da Univasf) o grupo de estágio do curso de Psicologia ofertou oficinas que abordaram as relações entre pais e filhos. O trabalho desenvolvido pelos estagiários também faz parte das ações desenvolvidas pelo Nupie.




quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Carta Aberta do Núcleo de Estudos e Práticas sobre Infâncias e Educação Infantil

Nós, membros do Núcleo de Estudos e Práticas sobre Infâncias e Educação Infantil - NUPIE, vimos, por meio desta, nos posicionar contra o movimento de retrocesso trazido pelo atual governo ilegítimo.  
Nos últimos anos, diversos direitos foram conquistados em relação à educação infantil, sendo que tais conquistas vieram por meio de grandes esforços e de movimentos sociais articulados e engajados.
Contudo, desde a eminência do golpe institucional, jurídico e também civil, diversas conquistas têm sido colocadas em risco. Destaca-se como retrocesso o atual corte orçamentário de 10 milhões à Univasf, orçamento o qual era dirigido à assistência estudantil, que garantia a permanência de estudantes em situação de vulnerabilidade social na instituição; e a proposta de ementa constitucional de n° 241, a qual congela os investimentos públicos brasileiros por 20 anos. Esta segunda medida se destaca no cenário nacional, pois limita os investimentos do Estado em relação a setores como saúde e educação.
Por fim, reforçamos o não reconhecimento do atual governo, demonstramos a nossa grande insatisfação em relação às medidas e juntamos os nossos esforços “nupianos” à sociedade brasileira, que será amplamente atingida em todos os setores.

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Oficina de leitura lúdica

Para quem teve a oportunidade de participar dessa oficina de leitura lúdica, facilitada por Rossana Henz, jamais vai esquecer a riqueza de suas técnicas, mas acima de tudo da magia vivida nas contações de histórias. Adultos-crianças e Crianças-adultos se deleitaram, aprenderam e descobriram/redescobriram a arte de ouvir e contar histórias.