"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."(TONUCCI, 2005).
domingo, 11 de novembro de 2018
PAIS QUE BRINCAM DÃO MAIS LIMITES AOS FILHOS
Contrariando o senso comum, a brincadeira é uma coisa muito séria, pelo menos em termos de importância para o desenvolvimento infantil e para a relação entre pais e filhos. É relativamente convencionado que a brincadeira é uma distração pueril, um passa tempo divertido. Este modo de ver a brincadeira carrega marcas pejorativas à medida que desvaloriza a importância da brincadeira, mas também porque está associada a uma certa construção social de ser criança, de ser pueril, de ser algo infantil, como fossem aspectos inferiores do humano.
Vários estudiosos têm mostrado que a criança e a fase da infância não devem ser vistas como etapas inferiores do desenvolvimento e nem reduzidas à sua condição de simples preparação para a vida adulta. O sociólogo Willian Corsaro, por exemplo, em seu livro Sociologia da Infância, apresenta uma compreensão de que a infância tem uma importância per si. De modo semelhante, estudos clássicos, como os desenvolvidos por Henri Wallon, também demonstram a importância de valorizar a vivência das crianças, suas infâncias, como algo único e complexo no desenvolvimento humano.
É nesse sentido de valorizar a experiência infantil, sobretudo a brincadeira, como algo rico em possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem. Outros autores clássicos que ainda inspiram profundamente estudos relacionados a questão do brincar são Vygotsky e Piaget. O primeiro, sustenta a ideia de que ao brincar as crianças ensaiam ações, condutas e pensamentos, consolidando aprendizagens e, consequentemente, desencadeando desenvolvimentos. O segundo, Piaget, contribui, sobretudo, nos estudos relativos ao desenvolvimento moral, que implica noções de regras e limites.
De modo geral, as brincadeiras podem ser de dois tipos: espontâneas, quando não há presença de adultos; e do tipo mediada, quando há presença de adultos e também portando alguma intenção educativa (há ainda a possibilidade da presença de adultos nas brincadeiras, mas sem intenções, pelo menos explícitas, educativas).
Ainda, a natureza da brincadeira demanda regras e limites, mesmo que seja uma “brincadeira inventada” e compartilhada apenas por crianças.
Ao longo dos nossos trabalhos, oriundos de pesquisas e projetos de extensão ou no serviço de orientação à pais, que mantemos na Centro de Práticas e Estudos de Psicologia - Ceppsi, da Universidade Federal do Vale do São Francisco – Univasf, temos constatado que pais que brincam com seus filhos, possibilitam que estes melhor desenvolvam noções de limites. Certamente essa noção de limites é uma via de mão dupla, pois os pais também aprendem a melhor compreender seus filhos.
Indo ao encontro da vasta literatura que trata do assunto é possível correlacionar essa constatação (de que país que brincam com seus filhos têm relações mais afetuosos, respeitosos e, portanto, balizadas por limites) à medida que na brincadeira há necessária condição de estabelecimento de regras e limites. Afinal, brincadeira que não tem regras e limites não tem graça, não é verdade? Outra fundamentação tem a ver com os vínculos que são estabelecidos no momento do brincar, sobretudo quando envolvem pais e filhos. Afinal, o brincar é uma ação carregada de prazer e que cria laços.
O momento da brincadeira, portanto, é uma oportunidade singular para que o processo educativo ocorra de maneira natural, possibilitando, inclusive, uma melhor compreensão dos pais em relação aos seus filhos.
Brincar é coisa séria!
Obras sugeridas:
CORSARO, Willian. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo: Summus, 1994.
PIAGET, Jean. O Julgamento Moral na Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
WALLON, Henri. As Origens do Pensamento na Criança, Henri Wallon, São Paulo : Ed. Manole, 1989.
VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente, SP: Martins Fontes, 2002
CORSARO, Willian. Sociologia da Infância. Porto Alegre: Artmed, 2011.
PIAGET, Jean. O Juízo Moral na Criança. São Paulo: Summus, 1994.
PIAGET, Jean. O Julgamento Moral na Criança. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
WALLON, Henri. As Origens do Pensamento na Criança, Henri Wallon, São Paulo : Ed. Manole, 1989.
VYGOTSKY, Lev. Formação Social da Mente, SP: Martins Fontes, 2002
sexta-feira, 9 de novembro de 2018
PESQUISA-FORMAÇÃO COM GESTORES ESCOLARES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Nesta dissertação, Vanessa Duarte nos provoca fundamentais discussões e nos lega caminhos possíveis para dar conta de lacunas sobre a formação do gestor escolar no que diz respeito a educacão inclusiva. Vanessa , que caminha na pesquisa-formação, é uma nupiana combatente pela causa da inclusão.
Uma obra, um presente!
DISSERTAÇÃO - CRIANÇAS NOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ DO SERTÃO - ROBSON MARQUES
Esta extraordinária dissertação é antes de mais nada uma reverência ao ser criança e aos saberes tradicionais, sobretudo dos povos de terreiro. Robson é uma dos nossos nupianos embaixadores.
Confira, leitor, a beleza que essa obra traz.
quinta-feira, 8 de novembro de 2018
PROCESSOS FORMATIVOS DE PROFESSORAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RESSIGNIFICANDO O PLANEJAMENTO PEDAGÓGICO NO CONTEXTO DE UMA PESQUISA-FORMAÇÃO
Nesta obra, Iolanda Barreto de Santana, mestra do PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES - PPGFPPI - UPE, via uma metodologia da pesquisa-formação aborda os saberes docentes num processo de ressignificação do planejamento pedagógica.
DISSERTAÇÃO - Relações familiares e experiências de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto em um CREAS no sertão de Pernambuco
DISSERTAÇÃO
Relações familiares e experiências de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto em um CREAS no sertão de Pernambuco
Nesse estudo, Diego Dias Barrense, mestre do Programa de Psicologia da Univasf, investido de uma abordagem bioecológica, analise os contextos de desenvolvimento de adolescentes em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto. Um trabalho significativo para o NUPIE.
DISSERTAÇÃO - CUIDADO EM EDUCAÇÃO: os sentidos da experiência no contexto de Pesquisa- Formação com professoras da Educação Infantil
DISSERTAÇÃO
CUIDADO EM EDUCAÇÃO: os sentidos da experiência no contexto de Pesquisa-
Formação com professoras da Educação Infantil
Trata-se de uma importante e representativa dissertação, de mais um membro do NUPIE, que versa sobre o cuidado e a pesquisa-formação. Clara Maria Miranda de Sousa, mestra pelo PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES
(PPGFPPI / UPE), nos presenteia com essa obra inspiradora.
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