Por Marcelo Ribeiro
Recentemente
dia das crianças e hoje dia do professor. Mesmo não sendo afeito a encher de
mensagens e fotos os dias comemorativos (porque poluídos de tantas mensagens,
postagens etc. me fazem perder o sentido de tecer alguma homenagem), não pude
deixar de efetuar a seguinte matemática: dia das crianças + dia do professor +
educação infantil / professor da educação infantil. Então essa espontânea
matemática me trouxe de volta um sentido, um vigor, para registrar algumas
palavras sobre o referido resultado.
Como
de costume, mesmo sendo uma homenagem, não me esquivo de um toque crítico.
Então,
eis aqui minha conta.
Se a
educação, ou melhor, os profissionais que nela trabalham, especificamente os
docentes, são aqueles que vivem a contradição social de ser representado
positivamente (quem vai negar a importância do professor?), mas de ser
maltratado em sua condição de trabalho (baixas remunerações, difíceis condições
no exercício da profissão, etc.), os professores da educação infantil vão
ocupar o mais baixo estrado da “pirâmide da educação”. No topo, estariam os
professores universitários, que tentam se segurar no que podem para não
despencarem ladeira abaixo. Em seguida, os professores do ensino médio e
fundamental, que labutam na penúria da docência. E os mais miseráveis, aqueles
que mal são reconhecidos como professores, os que têm os salários mais baixos e
os que apresentam os menores índices de formação (vide dados do próprio Ministério
da Educação – MEC/ Brasil).
Aliás,
não só os docentes da educação infantil ocupam os mais baixos estratos do mundo
do trabalho, mas quase todos os profissionais que se dedicam a infância vão
também estar em níveis inferiores se comprados aos outros. Por exemplo: os
pediatras se comparados aos cirurgiões, os psicólogos infantis se comparados
aos psicólogos de adultos e por vai.
Certamente
essa “gravidade” que puxam os profissionais que se dedicam a infância tem
gênese histórica e que se atualiza nos dias de hoje. Afinal a infância, mesmo
com todos reconhecimentos conquistados ainda parece ocupar um lugar inferior e
simultaneamente a criança e todos aqueles que dela se aproximam.
É
lamentável esse quadro , sobretudo na educação infantil, pois nesse nível é
onde se pode trabalhar as bases da educação do sujeito, toda a formação dos
valores e, sobretudo uma base para formação cientifica. Os professores da
educação infantil tem um papel fundamental na formação das crianças e,
portanto, recaem sobre eles uma exigência singular de trabalhar os aspectos do
cuidar e do educar, na ludicidade natural das crianças, introduzindo-as na mais alta cultura humana e
nos processos mais caros de socialização.
Dessa
conta (dia das crianças + dia do professor + educação infantil / professor de
educação infantil) se contabiliza avanços na realidade brasileira, mas também
subtrações que ainda persistem.
Este texto foi publicado no Boletim Para Pensar a Educação (em 16/10/2015):
http://www.pensaraeducacaoempauta.com/#!marcelo-ribeiro-16out/vkgpi