"Conceder a palavra às crianças não significa fazer-lhes perguntas e fazer com que responda aquela criança que levantou a mão em primeiro lugar [...]. Conceder a palavra às crianças significa, pelo contrário, dar a elas as condições de se expressarem."
(TONUCCI, 2005).

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

O processo de "adultização" da Infância

Na tese de pós-graduação da professora da Universidade do Estado da Bahia, Cristhiane Ferreguett, o tema foi a adultização (encurtamento da infância) de meninas, influenciada especialmente pela publicidade. Ela concedeu uma entrevista ao jornalista Marcus Tadeu.
O que pode parecer inofensivo em uma propaganda ou na reportagem da revista infantil talvez esteja carregado desse fenômeno, que traz consequências ao desenvolvimento infantil. Cristhiane percebeu, durante seu trabalho de pesquisa, que uma boa parte das crianças percebe que o que é mostrado na publicidade é imaginário, não é real. No entanto, ela também se deu conta de que esse discurso publicitário não se restringe mais à propaganda propriamente dita, mas está inserido, sutilmente, em matérias e reportagens voltadas a esse público.
Veja alguns trechos da entrevista:
"A adultização precoce da menina é construída discursivamente e pode ser observada pelos modelos adultos apresentados como referência de como a menina deve se vestir, maquiar, pentear e do modo como ela deve agir e ser, a fim de promover e incentivar o consumo de produtos normalmente desnecessários para uma criança."
"Existem estudos que comprovam um encurtamento da infância no plano fisiológico, as meninas estão entrando mais cedo no período da puberdade. Na contramão da queda da fertilidade entre as mulheres adultas, aumenta o número de gravidez na adolescência."
“Recentemente uma resolução (Resolução n.º 163/2014 – aprovada por unanimidade pela plenária realizada no dia 13/03/2014) do Conanda proibiu ‘a prática do direcionamento de publicidade e comunicação mercadológica à criança com a intenção de persuadi-la para o consumo de qualquer produto ou serviço’. Essa resolução precisa ser respeitada, precisamos da adesão dos pais, da escola e da sociedade como um todo para isso é preciso debater o assunto em diversas instâncias.”


Veja a entrevista completa em:
http://observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed818_adultizacao_da_infancia

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